Ontem queria ter conseguido expressar cada gota de sentimento que brotou em mim.
Não consegui.
Parece que todos eles se transformaram em lágrimas, involuntariamente.
Contrariando qualquer razão, elas impediam que as palavras saíssem da boca e faziam os olhos falarem mais do que eu, talvez, quisesse mostrar.
Escrevo, então, para que o meu próprio corpo não seja meu próprio espelho.
Ontem, logo ontem, aconteceu tudo o que eu mais adiei para meus pais. Envolver família em relacionamento foi um passo que eu nunca quis dar por achar que isso é um selo de seriedade que eu não queria.
Com você, eu quis. Por tudo o que temos construído, eu quis. Por tudo o que temos nos tornado quando somos nós, eu quis muito! Mas não quis adiantar nada. Talvez eu tenha me enganado no tempo e me precipitei. Peço desculpas se pareceu insistência de minha parte que acontecesse o encontro entre meus dois mundos preferidos (você e eles). Tomei o cuidado para não parecer que eu queria isso mais do que parecia, porque, de fato, eu nunca quis com ninguém. E acho que me atrapalhei entre o "nunca querer" e "querer pela primeira vez".
Ontem, justificando minhas lágrimas, foi difícil ver em cada uma das suas palavras que o seu querer era tão longe do meu. Por isso, insisti em dizer que não fiquei brava. Claro que não! Não teve nenhum motivo.
Mas era como se eu tivesse traído a mim mesma. Logo eu, que nunca quis apresentar nenhum namorado para os meus pais, quando quis, tive esse retorno de sentimento. E, se nunca eu quis com qualquer outro que fosse uma obrigação, com você seria muito longe disso.
Fiquei triste com o que aconteceu, mas fiquei muito mais triste comigo mesma. E, cada lágrima, era dessa tristeza que emanava.
Queria que você soubesse. Talvez porque isso signifique que você é especial. Talvez porque a expectativa que eu coloque em você é responsabilidade só minha e queria, com esse texto, retirá-la das suas costas.
Que tudo possa voltas a sua normalidade. Sem mais cobranças.